terça-feira, 19 de janeiro de 2010

Zilda Arns: morre uma guerreira


Zilda Arns Neumann, a 13ª criança do casal brasileiro de origem alemã, Gabriel Arns e Helene Steiner, o qual teve 16 filhos, nasceu no dia 25 de agosto de 1934, em Forquilhinha, no interior de Santa Catarina. Em 26 de dezembro de 1959, aos 21 anos de idade, apaixonou-se pelo futuro marido, o então marceneiro Aloysio Neumann (1931-1978), que chamado para um conserto na casa dos Arns, encantou-se com a jovem que viu na sala tocando piano. Com ele teve seis filhos: Marcelo (falecido três dias após o parto), Rubens, Nelson, Heloísa, Rogério e Sílvia. Era corajosa, solidária, médica e avó de nove netos.

Nascer naquela época e além disso no interior significava ser, no futuro, professora ou religiosa, entretanto Zilda Arns contrariou esse destino por amor, aquele mais sublime que se devota ao próximo que a fez enfrentar a resistência paterna e insistir em estudar medicina, num tempo em que ser doutor era coisa de homem. O apoio do irmão, hoje arcebispo emérito de São Paulo, dom Paulo Evaristo Arns, foi fundamental para dobrar a família. “Ele havia estudado na Sorbonne e convenceu o pai de que estavam começando a formar mulheres médicas lá fora”, conta um dos filhos. Desde que alterou o curso do próprio destino, Zilda Arns não parou mais de mudar o dos outros, a começar por aqueles que a miséria e a ignorância haviam fadado a ter curta duração.

Formada em medicina pela UFRR, aprofundou-se em saúde pública, pediatria e sanitarismo, visando salvar crianças pobres da mortalidade infantil, desnutrição e violência em seu contexto familiar e comunitário. Compreendendo que a educação revelou-se a melhor forma de combater a maior parte das doenças de fácil prevenção e a marginalidade das crianças, para otimizar sua ação, desenvolveu uma metodologia própria de multiplicação do conhecimento e da solidariedade entre as famílias mais pobres, baseando-se no milagra bíblico da multiplicação dos dois peixes e cinco pães que saciaram cinco mil pessoas.
A sua prática diária como médica pediatra do Hospital de Crianças César Pernetta, em Curitiba, e mais tarde como diretora de Saúde Materno-Infantil da Secretaria de Saúde do Estado do Paraná, teve como suporte teórico as especializações em Educação em Saúde Materno-Infantil, na Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo (USP); Saúde Pública para Graduados em Medicina, na Faculdade de Saúde Pública (USP); Administração de Programas de Saúde Materno-Infantil, pela Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS) /Organização Mundial da Saúde (OMS), e Ministério da Saúde ; Pediatria Social, na Univerisade de Antioquia, em Medellín, Colômbia; Pediatria, na Sociedade Brasileira de Pediatraia; Educação física, na Universidade Federal do Paraná.

Sua experiência fez com que, em 1980, fosse convidada a coordenar a campanha de vacinação Sabin, para combater a primeira epidemia de poliomielite, que começou em União da Vitória, no estado do Paraná, criando um método próprio, depois adotado pelo Ministério da Saúde.

Em 1983, a pedido da CNBB, criou a Pastoral da Criança juntamente com o presidente da CNBB, dom Geraldo Majella, Cardeal Agnelo, Arcebispo de Salvador e Primaz do Brasil, que, na época, era Arcebispo de Londrina. No mesmo ano, deu início à entidade a partir de um projeto-piloto em Florestópolis(PR). Após vinte e cinco anos, a pastoral acompanhou cerca de 1,9 milhões de crianças menores de seis anos e 1,5 milhões de famílias pobres em mais de 4000 municípios brasileiros. Neste período, mais de 260.000 voluntários levaram solidariedade e conhecimento sobre saúde, nutrição, educação e cidadania para as comunidades mais pobres, criando condições para que elas se tornem protagonistas de sua própria transformação social.

Para multiplicar o saber e a solidariedade, foram criados três instrumentos, utilizados a cada mês: a visita domiciliar às famílias, o Dia do Peso, também chamado de Dia da Celebração da Vida e a Reunião Mensal para Avaliação e Reflexão.
Em 2004, a Dra. Zilda Arns recebeu da CNBB outra missão semelhante, fundar, organizar e coordenar a Pastoral da Pessoa Idosa. Atualmente mais de 129 mil idosos são acompanhados todos os meses por 14 mil voluntários.

Dividia seu tempo entre os compromissos como coordenadora nacional da Pastoral da Pessoa Idosa e coordenadora internacional da Pastoral da Criança e a participação como representante titular da CNBB no Conselho Nacional de Saúde, e como membro do Conselho Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (CDES).
Pelo seu trabalho na área social, Dra. Zilda Arns recebeu condecorações tais como: Woodrow Wilson, da Woodrow Wilson Fundation, em 2007; o Opus Prize, da Opus Prize Foundation (EUA), pelo inovador programa de saúde pública que ajuda a milhares de famílias carentes, em 2006; Heroína da Saúde Pública das Américas (OPAS/2002); 1º Prêmio Direitos Humanos (USP/2000); Personalidade Brasileira de Destaque no Trabalho em Prol da Saúde da Criança (Unicef/1988); Prêmio Humanitário (Lions Club Internacional/1997); Prêmio Internacional em Administração Sanitária (OPAS/ 1994); títulos de Doutor Honoris Causa das Universidades: Pontifícia Universidade Católica do Paraná, Universidade Federal do Paraná, Universidade do Extremo-Sul Catarinente de Criciúma, Universidade Federal de Santa Catarina e Universidade do Sul de Santa Catarina. Dra. Zilda é Cidadã Honorária de 10 estados e 35 municípios; e foi homenageada por diversas outras Instituições, Universidades, Governos e Empresas.

Zilda Arns encontrava-se no Haiti em mais uma missão humanitária e preparava-se para uma palestra sobre a Pastoral da Criança, na Conferência dos Religiosos do Caribe. Foi uma das vítimas fatais do forte terremoto de 7 graus na escala Richter que atingiu a capital do Haiti, Porto Príncipe, em 12 de janeiro de 2010.

" Como os pássaros, que cuidam de seus filhos ao fazer um ninho no alto das árvores e nas montanhas, longe dos predadores, das ameaças e dos perigos e mais perto de Deus, devemos cuidar de nossos filhos como um bem sagrado, promover o respeito a seus direitos e protegê-los "- Dra. Zilda Arns Neumann (Haiti, 2010).
Zilda Arns será lembrada assim: reerguendo crianças pelo mundo tudo.
Fontes: www.pastoraldacrianca.org.br/ e www.e-biografias.net/

segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

Constipação intestinal (prisão de ventre)


A constipação intestinal, a famosa prisão de ventre é uma das queixas mais frequentes em consultórios médicos. È definida como a evacuação em frequência inferior a três vezes por semana. Apesar disso, algumas pessoas com constipação apresentam frequência de evacuações normal, mas relatam dificuldade para evacuar, sendo necessário esforço excessivo para que esta ocorra. Há queixa de fezes endurecidas e sensação de evacuação incompleta. Concluímos que o hábito intestinal de cada pessoa deve ser analisado como um todo e não apenas com relação à frequência de evacuações.

Sabe-se que a constipação é mais frequente nas mulheres, mas ainda não se encontrou uma razão para isso. É também mais comum em idosos do que nos indivíduos mais jovens.

A causa mais comum de constipação crônica é a baixa ingestão de fibras. Esses componentes dietéticos são encontrados principalmente em frutas, verduras e grãos. As fibras não são digeridas em nosso organismo e podem ser divididas em dois grupos: solúveis e insolúveis. As fibras solúveis formam uma espécie de gel no intestino e as insolúveis passam intactas. O efeito delas é aumentar o volume das fezes e reter líquido nas mesmas, fazendo com que elas fiquem mais pastosas e fáceis de eliminar. A quantidade recomendada para ingestão diária é de 25-30g/dia.

Outro fator importante no desenvolvimento da constipação crônica é a baixa ingestão de líquidos. A ingesta de líquidos hidrata o bolo fecal (fezes) e facilita sua eliminação. Recomenda-se a ingestão de aproximadamente 2 litros de água por dia. Uma ressalva: o álcool tem efeito desidratante, ou seja, retira água das fezes fazendo com que elas fiquem endurecidas. Assim, ele piora a constipação, devendo ser evitado.

Outro componente que contribui para a constipação é o sedentarismo. Fato observado especialmente nos pacientes acamados, após cirurgias, etc. Não se sabe exatamente por que isso ocorre.

Uma condição fisiológica que está associada à constipação é a gravidez. Nessa fase, o organismo da mulher produz substâncias que fazem com que o intestino se movimente de maneira mais lenta, além disso há a compressão do intestino pelo útero aumentado piorando ainda mais a situação.

Uma causa social (mais comum em mulheres) é quando o indivíduo, por motivos sociais ou de higiene, ignora o desejo de evacuar, retendo as fezes. É bastante comum encontrarmos pessoas que só conseguem evacuar em casa. Esse adiamento constante da evacuação reduz a sensibilidade do intestino, e como as fezes permanecem mais tempo no intestino, ocorre maior absorção de água, levando ao seu ressecamento.

Como prevenir a constipação intestinal:
- Alimente-se em horários regulares.
- Mastigue bem os alimentos.
- Prefira refeições mais variadas, ricas em frutas, verduras e cereais.
- Reduza a quantidade de gordura ingerida.
- Evite bebidas alcoólicas, chocolate, café, e alimentos que levem a produção excessiva de gases (brócolis, cebola, couve-flor, feijão).
- Beba bastante líquido, mais ou menos 2 litros por dia.
- Tente determinar um horário específico para evacuação.
- Obedeça, sempre que possível, à vontade de evacuar.
- Evitar distrações durante a evacuação, como ler revistas, jornais, falar ao telefone, etc.
- Pratique exercícios regularmente.
- Não utilize laxantes por conta própria.
- Se você não consegue evacuar sem o uso desses medicamentos, procure um médico!