domingo, 4 de outubro de 2009

TRANSPLANTES DE ÓRGÃOS CRESCEM 24,3% NO BRASIL


Dados do Ministério da Saúde mostram que o número de transplantes de órgãos realizados em todo o país, com doador falecido, subiu 24,3% no primeiro semestre de 2009 em comparação com o mesmo período de 2008. Entre janeiro e junho de 2009, foram feitos 2099 transplantes de órgãos. Em 2008, no mesmo período, foram 1688. Nesse mesmo intervalo, no que se refere a órgãos de doador falecido, houve crescimento nacional no total de transplantes de rim (30,28%) e de fígado (23,17%). Os números integram levantamento do Sistema Nacional de Transplantes (SNT) que avaliou o desempenho comparativo da rede transplantadora de todos os estados nos seis primeiros meses deste ano e de 2008.

O recorte que avalia apenas as doações de órgãos de falecidos e intervivos, sem contar os transplantes de córnea e de medula, também apresenta um resultado favorável. Na comparação dos dois períodos, as cirurgias de transplantes de rim, fígado, coração, pâncreas e pulmão (independentemente se doados por pessoas já falecidas ou vivas) cresceram 16,31%. Ou seja, estes procedimentos estão sendo realizados com freqüência cada vez maior, sendo que a projeção feita pelo SNT para o fim do ano indica que até dezembro o país terá realizado 12,2% a mais de cirurgias de transplantes destes tipos de órgãos que durante todo o de 2008. Apesar de ser uma projeção com base nos números levantados, a coordenadora do SNT, Rosana Nothen, esta confiante na superação desta meta em relação aos doadores falecidos, já que é esperado que a gripe interfira nos números de transplantes intervivos.

Por outro lado, considerando também as doações de falecidos, de intervivos (com órgãos retirados de pessoas vivas) e os transplantes de córnea e de medula óssea (que ao contrário do que muitos pensam não são órgãos, mas tecidos humanos), o aumento no volume de transplantes foi menor (2,83%) em todo o país no primeiro semestre de 2009 frente ao mesmo período de 2008. No total, foram realizados 9.318 procedimentos nos seis primeiros meses do ano passado contra 9.664 cirurgias de janeiro a junho deste ano. De qualquer modo, o SNT considera o resultado uma vitória, já que a análise criteriosa das informações demonstra que o aumento se sustentou, sobretudo, pelo desempenho positivo das doações de órgãos, mais complexa e que envolve a decisão familiar sobre uma situação trágica e inesperada. Isto significa que o brasileiro tem atendido o apelo do Ministério da Saúde para ajudar os que estão nas filas de transplantes.

O percentual geral não foi maior porque houve queda no número de transplantes de córneas _ foi registrada redução de 2,33% no total de cirurgias deste tipo quando confrontados os dados dos primeiros semestres de 2008 e 2009. Mas esta queda se deve principalmente ao fato de alguns estados, como São Paulo e Mato Grosso do Sul, terem conseguido zerar a lista de espera para córneas e, dessa forma, diminuíram a demanda reprimida de pacientes.

“Este percentual não significa apenas que estamos realizando menos cirurgias, mas que o sistema tem sido mais eficiente na assistência. Mesmo com a entrada de novos pacientes nas listas, algumas redes de atenção têm conseguido oferecer novas córneas com um tempo de espera menor”, pontuou a coordenadora do SNT, Rosana Nothen.

CAMPANHA - Para melhorar ainda mais este desempenho e sensibilizar outras pessoas sobre a importância de informar os familiares e amigos sobre a intenção de ser doador, o Ministério da Saúde lançou dia 27 de setembro, a Campanha Nacional de Incentivo à Doação de Órgãos. A campanha mostrará que não é preciso deixar nada escrito, mas, simplesmente, comunicar sua família sobre a intenção de ter seus órgãos transplantados. Com o slogan “A vida é feita de conversas. Basta uma para salvar vidas”, a nova campanha começou a ser veiculada no dia 27 de setembro, nas televisões e rádios de todo o Brasil.

“De 2004 a 2008, dobramos o nosso gasto com transplantes, mas, além de recursos materiais, precisamos do bem mais valioso e mais escasso, que são os órgãos doados. Por isso, reforçamos a necessidade da população se engajar na campanha, não somente autorizando a doação, mas também exercendo seu direito de informação e decisão sobre este assunto perante a morte de um familiar”, afirma Rosana Nothen. Em 2004, o gasto com transplantes foi de R$ 409,4 milhões e, quatro anos depois, atingiu R$ 824,2 milhões.

A lista de espera por um transplante no Brasil diminuiu 1% entre dezembro de 2008 e julho deste ano, quando 63,8 mil pessoas aguardavam por um transplante no país. No fim do ano passado, era de 64,4 mil pessoas. O aperfeiçoamento dos processos de gestão das centrais estaduais tem participação nesta redução, à medida que a listas têm sido atualizadas e pacientes recadastrados. O volume de transplantes de córneas realizados no estado de São Paulo também fez a lista geral de espera diminuir. Só no primeiro semestre deste ano, foram 2.948 córneas transplantadas apenas nos hospitais paulistas. No Brasil, foram 6.151 procedimentos desse tipo.

“Aumentar o número de doadores é o grande objetivo a ser perseguido para equacionar melhor as demandas por transplantes”, diz Rosana Nothen. O Brasil ainda apresenta uma quantidade pequena de doadores por morte encefálica por milhão de pessoas (pmp). Em 2008, a cada 1 milhão de brasileiros, havia 7,2 doadores nessa situação. No México, essa taxa era de 3,1 pmp e, na Venezuela, de 3,3 pmp. Na Argentina, a proporção era de 13,1 pmp e, em Cuba, de 16,6 pmp. Nos Estados Unidos, o índice era de 26,3 pmp, na França, de 25,3 pmp e, na Espanha, de 34,2 pmp.

Temos ainda muito o que melhorar! A vida é feita de conversas. Basta uma para salvar vidas! Para ser um doador, converse com a sua família.

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